data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)
A vacina contra Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca foi aprovada pela agência reguladora do Reino Unido. Essa é a mesma vacina testada na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e em outros cinco centros do Brasil. O imunizante é a base do programa que o governo federal espera implementar em 2021. O acordo entre o país e a AstraZeneca prevê 100 milhões de doses já no primeiro semestre do próximo ano. Com a liberação, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pode certificar o imunizante no Brasil. Com isso, os voluntários que não tomaram as doses na UFSM já seriam chamados para receber a imunização.
Santa Maria precisa de ao menos 55 mil doses para as primeiras fases da vacinação contra a Covid-19
A vacinação em si da população aconteceria a partir da liberação da (Anvisa). Conforme o coordenador do estudo clínico da vacina na UFSM, o médico infectologista Alexandre Schwarzbold, a liberação no Reino Unido deve agilizar a certificação no Brasil.
- Foi a primeira agência reguladora a certificar a vacina. A próxima, imagino nas próximas semanas, será a europeia. Isso facilita a liberação da Anvisa. Imaginamos para a metade de janeiro - explica.
VÍDEO: quais os planos de vacinação e como estão os testes no Husm
O próximo passo é o começo da produção do imunizante no país e início do plano de vacinação. Em Santa Maria, são 1.014 participantes do estudo clínico. Metade já recebeu duas doses da vacina, a outra metade faz parte de um grupo de controle, que recebeu um imunizante para meningite. Com a liberação, os 507 do grupo de controle iriam receber a dose da vacina contra Covid-19.
- Devemos chamar os voluntários antes mesmo do país receber a vacina - conta Schwarzbold.
No mesmo dia em que recebeu aval para aplicação de uma vacina contra Covid-19 no Reino Unido, a AstraZeneca sinalizou à Anvisa a intenção de pedir o uso emergencial do imunizante no Brasil até 15 de janeiro. Quando o pedido for feito, a agência tem 10 dias para análise do uso emergencial. A vacina de Oxford/AstraZeneca já tem o registro de boas práticas de fabricação pela Anvisa. Essa certificação é necessária para o pedido do uso emergencial.
Em reunião na Câmara dos Deputados ainda antes do Natal, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima estimou que serão entregues 1 milhão de doses, que seriam produzidas entre 8 e 12 de fevereiro. Depois disso, a produção seria escalonada e, a partir de 22 de fevereiro, seriam entregues 700 mil doses diárias para o Programa Nacional de Imunização (PNI).
PASSO A PASSO
- Depois de três fases de estudos clínicos, a fabricante deve apresentar os resultados para a Anvisa
- Ainda não houve pedido de registro, mas a vacina de Oxford/AstraZeneca segue a "submissão contínua", processo da Anvisa para permitir o compartilhamento de resultados prévios, ainda durante a fase de testes, para acelerar uma futura aprovação
- Quando o pedido emergencial for formalizado, a Anvisa tem 10 dias para análise
- Ao ser aprovada, as doses são entregues para o Ministério da Saúde
- A pasta é quem organiza datas de vacinação, mas ainda não apresentou previsão de quando deve acontecer
- O que foi definido é quais grupos serão prioritários
LOGÍSTICA
A prefeitura de Santa Maria já definiu os primeiros detalhes de como será a imunização na cidade. A vacinação será realizada de forma descentralizada, com a aplicação das doses ocorrendo em espaços públicos, como praças, shoppings, pelo sistema drive-thru, além dos postos de saúde.
O imunizante da Oxford/AstraZenica é mais fácil de transportar, porque se conserva em temperaturas de geladeira comum (de 2ºC a 8ºC), o que permite que seja facilmente usado na estrutura já construída para o Programa Nacional de Imunização brasileiro. Um estudo publicado na revista científica Lancet indica que a vacina é segura e tem eficácia de 70% para proteger contra a doença pessoas abaixo de 55 anos. O número supera a eficácia mínima de 50% estabelecida pela Anvisa para dar aprovação a um imunizante contra a Covid-19.
*Colaborou Leonardo Catto